Despachar...simplesmente


Hoje corro o risco de me assemelhar com o tamanho da escrita ,dum blog que adoro ler e recomendo http://nalinhadaslinhas.blogspot.com, mas não havendo comparação pois apenas me perco a escrever.
Acordei com vontade de não ir trabalhar(e como filha do patrão)corri o risco de me tornar uma menina mimada(que não sou)e não fui.Permanecendo em casa e montando tenda no quarto de minha filha resolvi fazer uma batalha campal com os seus lindos bonecos.Que teimavam em não querer abandonar aquele local.
Entre empurrões e algumas contrariedades,consegui ao fim de alguma luta interior,sim porque isto de despachar aquilo que já não queremos,sempre me fez alguma confusão,mas acabo por chegar ao veredicto,de que realmente com o passar dos anos´nossa convicções acabam por mudar mesmo.E a facilidade que encontro em desfazer-me daquilo que já não quero,já não me é tão difícil apesar de confuso.Os objectos não me faz assim tanta confusão mas quando falamos de pessoas o caso tornasse mais complicado,e eu assemelho sempre isso quando penso em me desfazer de alguma coisa.
Correndo o risco de me tornar uma criança inveterada,vejo todas aquelas series de crianças que passa no panda(sou obrigada a isso,rsss)e nesta minha batalha acabei por falar com ursos e bonecas;"...ora bem vocês não podem ficar mais connosco"disse-lhes eu
"oooooooooooh....,não nos abandones...."pediram entristecidos
Realmente como somos capazes de descartarmos-nos de coisas que já não nos dizem nada mas que nos acompanharam por tanto tempo?É como no Amor!Tem uma altura em que tudo acaba mesmo não acabando...
E como podemos nós contornar essa situação se não houver volta a dar?
Venci e consegui pó-los a todos,sem pena,num grande e bonito saco de plástico.
Convenci-me a mim mesma e aos propios , que teriam outro lar,outros meninos que não os conheciam e lhes dariam tanto amor como nós já o fizemos antes.
Entre sacos e sacolas ao fim da manha já estava pronta pra dar rumo aqueles tristes bonecos.
Um pouco aflita lá consegui meto-los todos no carro e partir em destino de um novo lar.
Tinha que me desfazer deles naquele instante,não poderia correr o risco de minha filha vê-los e aí então,como criança(sem o passar dos anos como eu)quereria ficar com todos no seu quarto.
No caminho pensei uma vez mais...como sabemos correr quando algo não nos interessa.
È tão fácil despachar...
E neste rebuliço,entre ursos e bonecos,livre por completo dos mesmo, regresso a casa.
E não consigo abstrair-me do mesmo pensamento,como é tão fácil despachar...

Comentários

Anónimo disse…
Como eu te entendo minha amiga...
Sentimos uma responsabilidade enorme quando nos desfazemos de objectos que nos permitem reviver momentos, principalmente quando não são nossos, mas dos nossos filhos...
Também eu passei por esse dilema, sempre na incerteza de que fazia o melhor ( dar espaço a novas recordações ).
Não nos podemos esquecer que as lembranças ocupam a nossa memoria, e mais importantedo que o objecto é sem dúvida a vivência permitida...
Todas as crianças são diferentes e reagem de uma maneira muito propria ás mesmas situações, mas posso acalmar teu coração, dizendo que também eu ajudei os meus filhos a optar por brinquedos menos importantes; e para meu espanto chegou o dia que eles proprios necessitaram de mais espaço, novas etapas da vida...
Mais espantada fiquei quando percebi que deixaram para tras objectos que eu jamais imaginaria, optando por outros que eu pensei não terem a minima importancia...
Não há duvida que as vivências são muito particulares e que a sua importancia ninguem pode falar sobre ela, a não ser o proprio...
Nossa, que lindo! Por diversas vezes me vi nesta situação.. tbm tendo que despachar, embora confusa... {despachei!}
Gostei daqui!

bjo'S...
Dois Rios disse…
Sim, desfazer-se do que teoricamente já não nos serve não é mesmo uma tarefa das mais simples. Tanto é assim que sempre arranjamos as mais variadas justificativas com o intuito de suavizarmos a culpa que nos acomete nesses momentos, ainda que, muitas das vezes, seja por uma boa causa.
Quando se trata de humanos, então, é ainda mais complicado. Como dizer ao outro que ele já não nos serve mais? Como não magoá-lo, feri-lo, ou não deixá-lo com um perene sentimento de "inutilidade" para a relação? Para quem não quer mais, despachar é um simples ato de "renovação", mas para quem é despachado há a dor de ter que aceitar o que o coração não quer.

Beijos,
Inês

p.s. Muito obrigada pelo carinho da sua visita. Adorei o seu blog e voltarei sempre.
A.S. disse…
Um texto pleno de emoção!
Reli... e senti um doce adeus em cada palavra que li...


Um beijo!
Parece-me muito bem, e é importante manter dias assim em perspectiva, mesmo que correr do que não nos interessa seja por vezes apenas uma causalidade do que nos interessa realmente.
Bjs
F

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